segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Natural Realeza - Natureza


Segunda feira sonolenta, me arrependo da hora em que fui dormir ontem.
Sempre fui mais do natural, nada de café ou pó de guaraná pra encarar a rotina. Poucas coisas me dão mais ânimo do que acordar com os raios de sol cortando a escuridão de meu quarto.
Já no trabalho, a perspectiva de mais uma semana na rotina de estágio, faculdade, dilemas existenciais e um cotovelo ralado – só fisicamente, não precisaria de mais uma dor de cotovelo para me distrair.
Procurando meu próprio desenvolvimento, com a Cone nos ouvidos, enquanto navego pela internet na ociosidade inerente ao início de uma jornada de trabalho, sou surpreendido por uma cena belíssima:
Um passarinho, talvez uma andorinha (nunca fui bom com raças de pássaros), pousa no beiral da janela, a menos de um metro de mim. Das coisas mais belas, as penas iluminadas pelo sol, seu canto puro... Mais uma surpresa: outra andorinha pousa ainda mais próxima que a primeira. Tivesse eu de folga, e com mais um passarinho no beiral, prepararia meu artesanato matinal e me imaginaria em uma musica do rei, Bob Marley.
A melodia era tão pura, tão verdadeira
Acho que essa era a mensagem dele(s) pra nós.

domingo, 15 de agosto de 2010

Por entre as cortinas

"...Um raio amarelo do sol nascente atravessava oblíquo os pés da cama e iluminava a lareira, onde fervia ruidosamente a água da caçarola. No pátio, [...], porém débeis gritos de crianças ainda flutuavam no ar, vindos da rua.
Winston ficou a meditar vagamente se no passado abolido fora normal dormirem numa cama assim, na fresca de uma noite de verão, um homem e uma mulher sem roupa, fazendo o amor quando quisessem, falando do que bem entendessem, sem sentir nenhuma obrigação de levantar, simplesmente largados no leito ouvindo os ruídos pacíficos lá de fora. Não era possível que tivesse havido uma era em que tais coisas fossem comuns..."

1984 - George Orwell

14 de Agosto de 2010

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Das pequenas verdades da vida

Deitado no escuro parecia estar flutuando junto daquela mulher, acima do mar de luzes que era a cidade ao longe.
Conversa não se ouvia mais, haviam-se esgotado os assuntos há horas, mas nem tudo pode ser dito com a voz.
A noite fria e silenciosa - somada aos milhares de pontinhos brilhantes, cúmplices que confundiam-se com as estrelas no céu, causavam um efeito estranho, inspirava a reflexão, como a sensação que antecede uma epifania. Foi aí que olhou pra cima e descobriu o por quê.
Nunca antes ficara sem fôlego diante da beleza da lua.

Talvez a vida tenha um motivo, afinal. Devem ser as pequenas coisas que fazem você encontrar lá dentro umas verdades que nem lembrava mais que existiam.
O recado já estava refletido nos olhos dele, mas mesmo assim pegou um papel, escreveu e entregou.

"Veja bem, mulher, o que eu só agora descobri:
um pedaço de mim que ainda há pouco batia em vão."

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Até onde a gente ainda não inventou

Não é nada de mais, na minha opinião, é só o que meus olhos sentem - se derretem - quando a luz dos teus, nos meus, se aconchega, encontra seu lugar com uma facilidade tão natural, como se soubesse estar, enfim, em segurança.
É aí que tudo começa.
Devagar, a princípio, mas aos poucos todas as confidências, os olhares, me envolvem de uma forma que me encanta, me cala, arranca de mim suspiros e meu chão e me deixa leve, sorrindo, uma alegria cada vez menos rara - e mais irresistível... e é até onde consigo descrever, depois disso o final é incerto, e só de nós depende.
Depois disso, a gente inventa.

04 de maio de 2010

domingo, 2 de maio de 2010

É Poesia

Lamento o erro que cometemos
mas infinitas outras vezes
erraria, sem remorso.
Queria te fazer uma prosa
pra traduzir quanto te gosto
nela te descreveria,
minhas emoções eu trairia
mas por mais que eu tente, não dá.
Somos poesia

Somos apenas dois tolos
reféns de nossa própria ingenuidade
nossa própria libido
nosso paraíso proibido

Inexplicável sintonia
que me traz só alegria
me espanto
o que tens que me desarma?

Me fazes crer que é bom
tudo o que sofro sem motivos.
as pernas bambas, teus suspiros ofegantes
e os malditos arrepios

É poesia, só pode
pois quem mais me entenderia?

Quem mais
Me faria dar razão à emoção?
ter certezas tão erradas
e erros tão exatos
que me arrebatam, me embriagam,
me aflijam (e, se errado, me corrijam),

Quem mais
me completa?

Sou pobre alma depenada
és minha roleta russa,
minha eterna encruzilhada:
Tanta futilidade,
tanto rancor,
formou-se em mim vasto deserto
todo árido e hostil
mas contigo ele floriu
meu oásis, minha chama
minha carência é que te chama
tua saudade é minha sina
volta logo para a cama

Com teus truques, com teu corpo
dê fim ao frio em minha barriga
que me acomete ao te ter só
na ansiedade do nosso fogo
na pressa de nossa mocidade
na beleza do que eu vejo
do que eu sinto
do que eu contigo vivo.

Só de lembrar já vou sorrindo
mas quanta tristeza a caminho
Pois em breve vais embora
nunca mais o teu carinho

Saudade antecipada que me entristece
traz a visão de meu porvir triste
Nunca mais o teu carinho
nunca mais tua paixão
Sofreria eu muito menos
se à razão ouvidos desse
Não é adeus, é até logo
há sempre a luz no fim do túnel
haverá sempre a salvação
quando enfim, novamente,
eu te terei em minhas mãos.

03 de Maio de 2010

sábado, 20 de fevereiro de 2010

"Ostra feliz não faz pérola."

Mas que imensa bobagem, se são ostras felizes as que produzem as mais belas, no entanto mais raras, pérolas. O motivo? É muito fácil descrever tristeza, solidão ou saudade, basta uma pitada de amargura, egoísmo, auto-piedade e alguma nostalgia.
Agora tente descrever o amor. ;)

19/02/2010

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Do Ócio

Do Ócio vem a paixão
Não o amor, puro e verdadeiro,
mas a chama mestra
que consome os devaneios

É do ócio pagão
que surgem os tantos, e tão fugazes
amores de verão

Não seriam esses amores
possíveis o ano todo?
Seriam, não fosse nossa insistência em acumular obrigações
noutros meses e noutras estações.


04/02/2010